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caderno               sobre

Futuro do pretérito

Não nos damos conta

Vendo o sol surgir todo dia

Que ao invés de amanhecer

Ontece

Os ontens vão se aninhando

No escondido das gavetas

Nas dobras da pele

Nos vãos dos dentes

E um dia acordaremos no tempo

Em que se amarrava cachorro com linguiça

Em que bons eram os pretos de alma branca

Em que as mulheres eram direitas e tristes

Em que se anunciavam escravos fugidos

E os vizinhos

Por inocência ou malícia

Proclamarão que chegamos ao futuro

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