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Corpo-seco Lembra daquela casinha

Que sozinha desabita

O lado de lá do morro?

Nela desvive um velhinho

Que de tanto estar sozinho

Foi virando corpo-seco.

Um esqueleto sequinho

Ainda sentado à mesa

Como quem toma café

Só que lhe falta a cabeça:

Quase rolou pelo chão

Mas ele teve a presteza

De segurá-la nas mãos.

É desse jeito que nascem

As casas de corpo-seco

Que medram por estes pastos.

Gente que de tão sozinha

Vai virando corpo-seco

Sem perceber que definha

Sem dar conta que morreu.


Assombro

Uma casinha branca

Sozinha branca no campo

Vem chuva, vai chuva

Lá está ela

Sozinha branca no campo

Queria quando morresse

Assombrar essa casinha

Sozinha branca no campo

Um fantasma quieto e branco

Lendo seu livro num banco

Ao pé da janela

Vaidade Tão vaidosa aquela estrela

Por ser de primeira grandeza

Amava ver toda gente

Mirando o céu só para vê-la

Tamanha sua beleza

Por vinte trilhões de noites

Ninguém brilhou como ela

Nem mesmo na lua cheia

Se tornava menos bela

Mas como tudo na vida

Estrelas também se apagam

Com a nossa não foi diferente

Para espanto de muita gente

Apagou-se um belo dia

E ao se apagar decretou:

Perto de mim ninguém brilha

E num grande buraco negro

A estrela se transformou

Quem passou ali por perto

Decerto se arrependeu

Teve sua luz engolida

Pela estrela que encolheu





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